22/09/2009

O caçador de sonhos (de valsa)

Antes de tudo, gostaria de me desculpar por não escrever na última sexta-feira mas tive que viajar para minha cidade natal – Criciúma – e tive a felicidade de ser convidado para ser padrinho da nova princesa da família. Um grande abraço aos meus compadres, Manuela e Cleber. Por conta disso, vou postar hoje.
O título de hoje tem uma leve e distante relação ao “O caçador de Pipas” não pela história, nem pelo acontecimento, mas pela emoção, principalmente envolvendo criança.
Precisava entregar uma intimação que surgiu de emergência em nome de Antônio da Silva Matias, informante numa audiência. O lugar é a Barra do Aririú, lugar típico de pescadores e pessoas da maior idade. Ocorre que, por ser um nome comum e o lugar bem antigo onde muitos se conhecem, obviamente, por apelido.
A rua é conhecida, chamada Menino Deus e numa situação desta, como sempre, procurei um ponto de referência para conseguir informação sobre o fulano. Fui no Bar do Sr. Ari - inclusive, um internauta assíduo que deve estar lendo este blog agora e orgulhoso de ser citado aqui - que por sua vez, me informou que conhecia mais de um “Antônio da Silva”, não sabendo o sobrenome seguinte. Indicou dois e fui, sem êxito. Um menino passava em frente ao bar naquele instante e o Sr. Ari me disse:
- “Já sei! Aquele menino que vem vindo é sobrinho de um Antônio da Silva e pode ser ele, pois é um dos três que eu conheço por aqui”.
Chamou o menino, de aproximadamente uns oito anos, explicou a situação e pediu que me acompanhasse no meu carro até sua casa para que eu pudesse levar o documento ao seu tio e como sempre, eu tinha doces no carro, inclusive aquele novo bombom Sonho de Valsa, de avelã.
Percebi que ele ficava olhando pros chocolates enquanto me indicava o caminho a seguir. E, claro, ofereci:
- “Quem um chocolate? Pode pegar, sem problema.”
Ele, envergonhado, pegou o chocolate com as duas mãos, colocou em frente aos olhos e ficou concentrado, sorrindo - parecia um garimpeiro procurando um diamante por anos e quando acha, fica em estado de êxtase - e em seguida ele disse:
- “Nossa, olha que lindo.... eu vou guardar.”
Achei estranho, porque se fosse eu (óbvio) ou a maioria das crianças, comeria no mesmo instante ou então levaria pra casa e esperaria quando não tivesse ninguém por perto para dividir. Mas não, ele queria guardar porque achava bonito.
Fiquei sem reação, um misto de pena dele misturado com dúvidas do porquê dele não querer comer o chocolate e ele disse:
- “Eu não vou comer. Vou guardar, acho lindo. Eu tenho o meu ovo de Páscoa ainda, sabia?”
Jesus! Nem lembro qual foi o meu ovo de Páscoa deste ano, pois sumiu no primeiro dia...
Fiquei mexido, imaginando que ele deveria passar dificuldade em ter coisas simples que temos todos os dias e passamos despercebidos. Mas chegando lá, percebi que onde ele e a família mora, é um lugar bonito, onde não parece que passam dificuldades.
Cumpri o mandado com o tio dele, com o pensamento no olhar do menino no bombom. Na volta, retornei ao bar do Sr. Ari para agradecer a ajuda e comentei o acontecido e ele me explicou:
"- A mãe do menino faleceu há alguns meses. Ela sempre ensinava pros filhos que tudo o que eles ganhavam tinham que guardar porque poderiam precisar um dia. Nem aqui no bar ele come as balas que eu dou” - Ah, se fosse eu!
Inclusive ele tem brinquedos guardados na caixa porque tem medo que a mãe possa – no céu – ficar chateada com ele. Imaginem como não fica a cabeça de uma criança pensando assim.
Pois bem, eu não posso e nem devo me meter na vida e educação dos outros, muito menos de pessoas que eu não conheço, mas para ficar com a consciência tranqüila, ontem comprei um pacote pequeno de Sonho de Valsa e levei pra ele.
Lá estava o tal, com o primo brincando na rua. Eu disse que lembrei que ele gostava, mas que eu só daria se ele comesse todos e não guardasse, então ele respondeu:
- "Muito obrigado, moço... mas eu posso dividir com o meu primo”?
- Pode, claro! E quem comer primeiro, é campeão!
E deu certo! Mas bem que poderiam me oferecer pelo menos um...

11/09/2009

Nomes (im)próprios

Situações que deveriam ser simples tornam-se engraçadas e umas bem constrangedoras com relação ao nome das pessoas.

É uma agonia quando estamos numa situação onde temos vontade de rir, gargalhar e por conta do trabalho e em respeito, não podemos. E duvido quem não tenha passado por isso! E acontece sempre. Desde que comecei na função, percebi esse “detalhe” e comecei a relacionar os nomes um pouco “estranhos” que apareciam.

O primeiro caso que aconteceu com relação ao nome da pessoa - que eu já comentei para alguns conhecidos - foi uma intimação de audiência destinada à Deusdeste.

Cheguei na casa, bati palmas (quando não tem campainha, batemos palmas, coisa de vendedor ou cobrador) e um senhor alto, enorme, veio me atender e eu perguntei:

- “Por gentileza, a Sra. Deusdete?”

- E ele:

- “Sou eu”.

Putz, e agora? Juro que tentei, mas não me controlei. Imaginei uma senhora chegando e não um cara tão grande com um nome assim.

E sempre quando passar por uma situação assim, não tente consertar pois é pior! Conselho de amigo. Mas para amenizar a minha situação ele disse:

- “Sabia que ia rir, desde pequeno sofro com isso”.

E eu, querendo consertar o estrago respondi:

“Bom, mas pense positivo, pelo menos tem “Deus” no nome”.

Creio que tenha dado certo, porque ele riu também, assinou a contrafé e fui embora antes que a piada perdesse a graça...

Essa situação é muito comum para nomes que “achamos” que sabemos o gênero e isso acontece frequentemente.

Seguem alguns exemplos e ganha uma bala quem acertar os três:

Elenir. Mulher ou homem? Era homem.
Zuvalde. Mulher ou homem? Homem.
Alair. Mulher ou homem? Homem.

Viu? Pensa que é fácil? Como para tudo em nossa vida existe um ponto positivo, aprendi que nunca devo perguntar:

“- Por gentileza, a Sra. Deusdete está?”

Mas sempre:

“- Por gentileza, Deusdete está?” - agora sim! Sem chance de errar.

Porém, a questão de saber se é menino ou menina, nem sempre é o problema. Triste é ter que chamar por alguns nomes estranhos e ficar imaginando o porquê de se chamarem assim:

Éterson – feito sob o efeito do éter, só pode.

Diva Gina – eu perguntei pra Sra. Diva e ela me disse: Dona Gina, por favor. Ok, sem problema.

Naída – foi feita na ida ou na volta?
Pinto Bustos - é sobrenome, mas sem comentários.

Listério e Corine – intimação para os dois, testemunhas numa audiência. Tomara que não sejam casados e tenham filhos porque muitos possuem a mania de juntar o nome do pai com o da mãe e neste caso poderia sair um Listerine por aí.

Listerine, só anti-séptico bucal, por favor!