20/05/2010

A menina que não acreditava em Deus

Depois de quase uma semana sem conseguir atuar na comunidade de Frei Damião, hoja consegui chegar em pelo menos, numa parte dele. Nem preciso dizer muito sobre a catástrofe que a chuva causou, mesmo porque os jornais e notíciários informam a todo instante, frisando que a região mais afetada foi esta.

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Lixo e entulho. É só o que se vê por lá. Móveis estragados, roupas de cama sujas e rasgadas, eletrodomésticos quebrados e espalhados por todo canto. Se a maioria das pessoas que lá residem, já possuem um semblante de desânimo por morar num lugar tão ruim, imaginem agora, depois dessa tragédia da natureza.
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Numa das ruas, denominada Afonso Pena, que também é conhecida como Rua das Palmeiras, conheci a Sra. Ângela e suas filhas, Laura (uns 12 anos) e Luana (aproximadamente 06 anos). Eu estava conversando com a família da Dona Vera - aquela onde meu tio e eu entregamos cestas básicas na outra enchente.
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Conversando com as três, fiquei sabendo que a Sra. Ângela estava indo embora da cidade e retornaria para casa de sua mãe - avó das meninas - em Xanxerê, porque perdeu sua casa e todo o pouco que possuía. Rosto triste, pálido e cansado.
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Luana, a mais nova, disse: - "Vamos morar com minha avó! A chuva levou nossa casa."
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- "Isso é de menos, né? Pelo menos Deus salvou nossas vidas." - falou Laura, a mais velha, tentando amenizar a triste situação.
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Luana, indignada gritou:
- "Deus não existe, sua idiota! Foi São Pedro que mandou a chuva..."
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Ao mesmo tempo que o jeito dela fez com que todos achassem graça, sua mãe disse:
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"Lu, Deus existe sim. Talvez se São Pedro não mandasse a chuva, a gente não perderia a casa e não iríamos morar com tua avó...".
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O semblante de Luana automaticamente mudou pra melhor. Graças à São Pedro!
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Essa frase da mãe dela me fez lembrar da velha frase de que "nada é por acaso" e que para tudo em nossas vidas - mesmo sendo em situações ruins - sempre podemos tirar um ponto positivo, um lado bom. Que Deus abençoe essa família nessa nova etapa de suas vidas.
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Amanhã, se der sol, provavelmente passarei o dia na comunidade, tentando colocar em dia tudo o que está acumulado e certamente, mais um dia que será um grande aprendizado com situações que parecem tão simples.

9 comentários:

  1. Ana Karla da Silvaquinta-feira, 20 maio, 2010

    Olá! Sou moradora do Jardim Eldorado e conheço a família da Sra. Ângela. Ela trabalhava de diarista na casa de minha família e realmente perdeu tudo. Está aliviada por poder voltar para seus familiares em Xanxerê. Muito linda história de hoje, aprendizado pra muitos! Beijos, Ana.

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  2. Demais, meu amigo! Sempre uma lição de vida, não? Grande abraço!

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  3. sem comentario né...simpllismente demais.!

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  4. Ontem ao ver no jornal falarem desta comunidade que foi tão afetada pela chuva, na ho9ra lembrei de vc e hoje já aguardava um de seus contos sobre aquela região.
    É de cortar o coração ver tudo isso que eles estão passando. E ainda assim, ver uma criança de 6 anos dar uma lição de vida.
    Bjus
    Vanessa

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  5. Realmente é uma realidade triste e você faz muito bem em mostrar a realidade dessas pessoas, pois, indiretamente, mexe com o comportamento de outras. Parabéns e bom trabalho sempre!

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  6. É, Marquinhus...a diícil trefa de tranformar um limão, em uma limonada!
    Abraço!

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  7. É amigo o que eu vou te dizer?

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  8. Bela lição de vida... maravilhosas publicação! Abraços.

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  9. Angelina Ferronattodomingo, 23 maio, 2010

    Que história linda, meu querido! Cada uma melhor do que a outra. Meu filho Ângelo agora também é seu seguidor. Grande abraço!

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