26/07/2010

Aprendizado para a vida inteira

Ultimamente não tenho postado porque estou mudando de região no começo do mês e por conta disso, temos os dez últimos dias do mês para colocar tudo em dia para que possamos começar a nova região mais tranquilos.
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Atuarei na região de número 08 de Palhoça, que compreenderá as localidades de Guarda do Cubatão (onde tem a ponte pênsil), Aririú da Formiga, Furadinho (bonitinho, não?), Praia de Fora, Pontal e Enseada do Brito.
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Foram oito meses na região onde está situada a favela Frei Damião. Neste um ano e sete meses de profissão, certamente foram os dias mais importantes, não só com relação ao trabalho, mas com relação ao aprendizado que levarei pela vida inteira.
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Felizmente mudei muito, pra melhor, pois aprendi a ver a vida com outros olhos, ver o quanto temos e o quanto somos ingratos às vezes; o quanto somos ricos, não sabemos ou valorizamos. Aprendi a dar valor para coisas que antes passavam despercebidas em minha vida e sei que para muitas pessoas que me acompanharam ou me ajudaram nas campanhas, isso também aconteceu.
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Fico extremamente feliz em ter conseguido - com a ajuda de muitos, e não fiz nada sozinho - mudar a vida de muitas pessoas, por mínimo que tenha sido. Mas pelo menos, temos a certeza de que esta mudança foi para melhor.
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Agradeço pelas campanhas feitas: Natal, material escolar, Páscoa e principalmente de agasalhos e cobertores que até hoje recebo doações (amanhã levarei mais, o carro está cheio!).
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Fiz muitas amizades que sei que não terminarão com a minha mudança de região, mas sim, serão mais um incentivo de eu continuar frequentando a comunidade Frei Damião. Quero ainda tomar café na padaria Mãe Maria (a minha preferida), receber orações da Sra. Vera (ela faz orações no meu carro quando passo na casa dela), visitar amigos que fiz e que levarei para sempre comigo.
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Aliás, apesar de estar com a sensação de "dever cumprido", não quero e não pretendo parar por aí. Já estou me programando - já com antecedência - em fazer uma campanha para o dia das crianças e sei que poderei contar com a ajuda de muita gente, como sempre.
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Além disso, outra campanha para ajudar os idosos da casa de repouso São Sebastião que, aliás, o café colonial no último sábado foi excelente! Soubemos que precisam de creme hidratante, sendo que as pessoas mais velhas, principalmente no inverno ficam com a pele bem ressecada e utilizam bastante. Por isso, quem tiver a mais ou quiser adiquirir, só me avisar que levo no local. Na próxima semana devo comprar alguns.
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Quero, de coração, agradecer à todos os amigos, leitores ou não, que contribuíram para que todo o trabalho beneficente na comunidade Frei Damião desse certo, principalmente em saber que mudamos a vida de muitas pessoas e o que é melhor, mesmo sem conhecê-las.
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Abaixo, um vídeo que fiz com os "melhores momentos" das minhas idas e vindas pela comunidade Frei Damião, como forma de agradecimento à todos que fizeram parte dessa etapa marcante da minha vida...


Uma excelente e abençoada semana à todos! Que venha a nova região!

13/07/2010

Uma tarde preciosa

Na semana passada, apesar do excesso de trabalho, consegui um tempo para visitar o meu amigo JF numa casa de repouso na cidade de Santo Amaro da Imperatriz, perto da divisa com Palhoça. A história dele foi contada na publicação de 30/11/2009 e desde então, quando eu posso, vou visitá-lo.
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Sua situação está bem complicada, está mais debilitado, bem mais magro e com muita dificuldade de ser mexer, inclusive com as mãos. Tanto é que antes, nos comunicávamos por mensagens de celular, mas nem isso consegue mais.
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No tempo em que estive lá fiquei imaginando como será minha velhice, se terei alguém zelando por mim e o quanto é triste sentir-se sozinho sem muito o que fazer para mudar esta situação.
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A publicação de hoje é - principalmente - um convite que desejo repassar à todos os meus amigos - leitores ou não - para um café colonial que será realizado na casa de repouso São Sebastião, em Santo Amaro da Imperatriz, onde está meu amigo. Será no sábado, dia 24 de julho, a partir das 14h30min e o "ingresso" é 01 (um) quilo de alimento não perecível.
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Esse encontro possui dois simples motivos: arrecadar donativos para os que lá vivem e - principalmente - fazer uma tarde diferente (enquanto há tempo) para todos.
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Vamos olhar para a pessoa idosa como ser humano valioso e querido, não considerando sua força física, mental e sua saúde. É preciso respeitar a personalidade formada e principalmente a riqueza da experiência acumulada.
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Os idosos - em minha opinião - podem trazer de volta muitos valores perdidos pela sociedade, tal como demonstra no vídeo abaixo:
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Eu já confirmei minha presença. Quem quiser me acompanhar, podemos marcar um lugar onde todos conheçam em Florianópolis, São José ou Palhoça e irmos em carreata. Caso contrário, quem quiser ir por conta própria, o telefone de contato do Lar São Sebastião é (48) 3245-5015 para maiores informações quanto à localização do local. Aliás, quem tiver ou conheça alguém que toque violão, é uma boa idéia!

Certamente, será uma tarde mais do que preciosa seja para quem vai, quanto para quem estará lá à nossa espera e - principalmente - porque não custa nada tirarmos uma tarde da nossa vida corrida para dar um pouco de atenção para quem precisa...

07/07/2010

O preço da solidariedade

"Uma tarde, um menino aproximou-se de sua mãe que preparava o jantar, e entregou-lhe uma folha de papel com algo escrito. Depois que ela secou as mãos e tirou o avental, ela leu:
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- Cortar a grama do jardim: R$ 3,00
- Por limpar meu quarto esta semana: R$ 1,00
- Por ir ao supermercado em seu lugar: R$ 2,00
- Por cuidar do meu irmãozinho quando você vai às compras: R$ 2,00
- Por tirar o lixo toda semana: R$ 1,00
- Por ter um boletim com boas notas: R$ 5,00
- Por limpar e varrer o quintal: R$ 2,00
- TOTAL DA DÍVIDA: R$ 16,00
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A mãe olhou para o menino, que a aguardava cheio de expectativas. Finalmente, ela pegou um lápis e no verso da mesma nota escreveu:
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- Por levar-te nove meses em meu ventre e dar-te a vida: NADA
- Por tantas noites sem dormir, curar-te e orar por ti: NADA
- Pelos problemas e pelos prantos que causastes: NADA
- Pelos medos e preocupações que me esperam: NADA
- Por comida, roupas e brinquedos: NADA
- CUSTO TOTAL DO MEU AMOR: NADA
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Quando o menino terminou de ler, com os olhos cheios de lágrimas, abaixo da sua lista escreveu:
- TOTALMENTE PAGO."
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Assim somos nós, adultos, como crianças, querendo recompensar pelas coisas boas que fizemos. É difícil de entender que a melhor recompensa é o resultado da solidariedade: mudança para melhor seja para quem for, sensação de dever cumprido, saber que - pelo mínimo que seja - mudou a vida de alguém, mesmo que este alguém seja desconhecido.
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A solidariedade está fazendo com que a vida de muitas pessoas mudem. Tudo por conta da valiosa arrecadação que tive por conta do almoço do meu aniversário que ainda rende bons frutos. A cada entrega de cobertores, roupas e cestas básicas, é uma recompensa: um olha de felicidade, um sorriso tímido em forma de agradecimento, um abraço, emfim... isso realmente não tem preço.
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Agradeço à todos - mais uma vez - pelas doações (e que ainda continuam) e saibam que juntos, fizemos mudanças - para melhor - na vida de muitas pessoas.
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Uma situação marcante foi da Sra. Zina, uma senhora de idade, 82 anos. Soube que ela foi, de certa forma, abandonada pelas filhas. Vive de favor na casa dos outros e de doações. Conseguiu um cômodo na casa de uma conhecida igreja. Ela é amiga da família do pastor Assis, filho do Edmar, o menino que saiu na capa do jornal comigo, que me ajudava na favela. Eu já conversei com ela em algumas situações na casa deles, inclusive, sabendo da situação dela, já levei uma cesta básica no último Natal, coisa que ela nunca esquece e sempre comenta.
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E tive a felicidade de reencontrá-la. Estava frio e passando à procura de umas pessoas, vejo a Sra. Zina na frente da casa, encostada no muro, vendo a movimentação da rua. Parei o carro, cumprimentei e fui conversar com ela. Me contou - mais uma vez - que as filhas a abandonaram e que é muito triste com isso. Chorava muito, toda emocionada. Para mudar aquela situação eu disse que tinha ido ali para levar um presente à ela.
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Tirei um edredom do porta-malas do carro, novo, no plástico e o semblante dela mudou na hora. Abriu aquele sorriso, se emocionou, ficando abraçada na embalagem. Aquilo me tocou muito e me disse que: são coisas assim que acontecem na vida dela - a solidariedade das pessoas - que faz com que ela esqueça da tristeza que possui com relação ao abandono das filhas...